Como Aprendi Francês Sozinho

19 dez 2020☕️ 5 min de leitura

Paris

Sempre gostei de aprender outros idiomas. Lembro que tanto no curso de inglês durante a adolescência ou nas aulas de espanhol no colégio, eu ficava interessado e curioso. Ler um livro em seu idioma original, entender outra cultura, é algo que sempre me fascinou, e felizmente tive essas oportunidades para ainda criança e adolescente estudar inglês e espanhol.

Durante muito tempo senti vontade de aprender mais uma língua, mas só alguns anos atrás, e por causa da literatura e também da cultura, decidi começar a estudar Francês por conta própria. Por conta própria por alguns motivos: pela liberdade, por poder avançar no ritmo que fosse melhor para mim, e fugir dos altos custos de um curso como o da Aliança Francesa.

Quando comecei os estudos de francês, não sabia absolutamente nada da língua. Acho que as únicas palavras que conhecia, além de “bonjour” era “omelete de fromage” (quem assistiu O Laboratório de Dexter na infância entendo o por quê hehe).

Não acredito em quem fala de métodos ou fórmulas para “aprender francês (ou qualquer outra língua) em 3 meses”, ou como ser fluente rapidamente, pois o aprendizado de um novo idioma não é algo fácil e rápido, mas acho que os passos que segui podem servir de motivação e trazer alguns recursos válidos para quem quer se aventurar a aprender uma nova língua sozinho.

O primeiro passo que tomei foi pesquisar. Pensei em fazer o curso do Duolingo, que é um site bem famoso e gratuito, mas depois de ler alguns reviews não muito bons, e de receber uma boa promoção, optei por fazer o curso do Babbel. De cara, me adaptei bem ao método usado, de lições curtas, com diálogos para completar e inserindo questões gramaticais aos poucos, sem necessidade de muita decoreba. Outro ponto bem interessante do Babbel é a revisão programada: de vez em quando, o próprio site te faz revisar palavras e expressões que ele considera que você ainda não conhece totalmente, ou por serem novas, ou por você as ter pouco revisado.

Não lembro exatamente por quanto tempo fiz esse curso do Babbel. No período acabei ficando um pouco enrolado e cheguei a não ser tão regular, mas em determinado momento virou um hábito todo dia fazer uma lição e uma revisão no site.

Depois de alguns meses, me vi um pouco cansado e entediado do material, apesar de sentir que estava aprendendo, e comecei a adicionar mais coisas na rotina de estudo. Primeiro, achei um programa de 10 minutos de notícias da RFI, uma rádio francesa, falado em um francês de mais fácil compreensão, o Journal en Français Facile. É bem fácil achar todas as edições como podcast. Além da transmissão, há a transcrição do texto. Assim, durante um bom tempo, sempre ia para o trabalho ouvindo e acompanhando pela transcrição. No início, mesmo sendo nesse “français facile”, eu tinha muita dificuldade em acompanhar e entender tudo, mas rapidamente esse obstáculo foi superado.

Quando acabei todos os cursos do Babbel, senti que tinha um bom conhecimento de iniciante em francês. Conseguia entender textos básicos, pedir informações, formular frases e perguntas simples, mas precisava avançar mais. Comprei um livro de gramática e passei a estudar os capítulos, fazendo todos exercícios do livro.

Nessa época, comecei a tentar ver vídeos em francês no Youtube. Assim como existem canais de tudo que é assunto no Brasil, também existem na França. Logo, me inscrevi e comecei a assistir vídeos de canais com assuntos que me interessavam, como política, história e literatura. Alguns até tinham a legenda em francês, o que me facilitava bastante.

Lembro de momentos de frustração. Parecia que eu nunca entendia um vídeo, uma fala, um livro, mas em certo ponto, simplesmente comecei a entender. Não consigo lembrar exatamente o momento, mas tenho a recordação clara de enquanto ver um vídeo em francês pensar: “caraca, estou entendendo tudo”. Acho que esse foi o melhor momento de todo aprendizado.

Enfim, para finalizar, fui para França passar 15 dias. Fiquei feliz porque consegui pedir informações, fazer meus pedidos, tudo em francês, mas na hora que precisava realmente conversar, não conseguia compreender. Precisava estudar mais.

Ao voltar, o que fiz foi a mesma estratégia que sei que me fez saber falar inglês sem problema, mesmo nunca tendo muita prática na conversa: consumir muito conteúdo na língua, afinal, assistimos filmes em inglês, fazemos cursos em inglês, lemos sites em inglês. Passei a ver séries francesas no Netflix, com uma linguagem muito mais informal. Com elas, aprendi bastante. Comecei a consumir sites, livros e podcasts em francês no meu dia-a-dia.

Menos de seis meses depois da minha viagem para França, fui para Londres. E lá descobri que minha estratégia deu certo. Conheci dois franceses no hostel que fiquei e pude manter conversas sem nenhum problema.

Agora tento aplicar a mesma estratégia para aprender Alemão, já sabendo o que funciona bem e o que não funciona muito. Basicamente, posso resumir a estratégia da seguinte forma:

  • Um curso online para entender o básico da língua (Babbel, Pimsleur, etc)
  • Um livro para consolidar o aprendizado (Assimil, Teach Yourself)
  • Imersão na língua (Youtube, Netflix, podcasts, notícias e livros)

Além disso, foi muito grande a importância de estudar um pouco todos os dias, pelo menos nos dias da semana. É comprovadamente muito mais eficiente estudar assim do que grandes sessões feitas em apenas dois ou três dias por semana.

Por fim, deixo links e recomendações de alguns canais no Youtube muito úteis e interessantes para quem está aprendendo francês:

  • Babbel: o curso online que fiz;
  • Journal en Français Facile: programa da rádio RFI com notíficas em linguagem acessível;
  • Easy French: excelente canal, em que são feitas entrevistas com pessoas nas ruas de Paris, com legendas em francês e inglês;
  • Note Bene: canal incrível de história. Alguns vídeos tem as legendas em francês.
  • Les Dessous des Cartes: canal com vídeos muito interessantes sobre geopolítica;
  • Le Monde: canal do famoso jornal francês, com muitos vídeos interessantes e com as legendas em francês;

Escrito por Lucas, programador, bacharel em filosofia, apaixonado por literatura, línguas e música.