Melhores Livros que Li em 2021

05 jan 2022☕️ 6 min de leitura

Livros

2021 foi um ano para consolidar novos hábitos literários que se formaram desde que começou a pandemia. Passei a ler bem mais em casa, pela manhã, e também à noite, do que no transporte público. A leitura passou a estar bem mais horas dentro do lar.

Não li tantos livros nesse ano como em 2020, mas li alguns calhamaços de mais de 700 páginas, que acabaram consumindo tempo razoável. O tipo da leitura foi diverso: clássicos da literatura, fantasia, biografias, não-ficção, bastante filosofia e também consegui ler algumas coisas em outros idiomas, especialmente inglês e francês.

Segue aqui a lista dos livros que mais me marcaram ao longo de mais esse ano de leituras. Espero que possam servir de inspiração para leitura ou sugestão para quem por algum motivo passar por aqui.


It - A Coisa - Stephen King

Enrolei bastante para começar a ler It, dado o tamanho da obra, que passa das mil páginas. Mas, é uma leitura que vale muito à pena.

Sou um grande fã de Stephen King. Acho impressionante a forma como ela cria seus personagens e faz com que nos apeguemos a eles, e em It isso é feito magistralmente.

Na obra, acompanhamos um grupo de crianças em uma pequena cidade, que presenciam uma criatura na forma de palhaço, que mata crianças e acaba os perseguindo. A forma como cada criança é desenvolvida na narrativa e a relação entre elas é a grande força motriz que faz a obra avançar. A criatura chega a ser quase um plano de fundo. Diferente do filme mais recente, que na primeira parte mostra os personagens crianças e na segunda eles já adultos, mais de trinta anos depois, o livro nos faz ir e voltar entre esses tempos.

Com a escrita leve e dinâmica de Stephen King, as mil páginas acabam passando rápido e logo nos levando para o fim. Aí, para mim, fica sempre o ponto fraco do autor, a forma como ele finaliza suas obras. Não achei o final de It: A Coisa fraco como outros livros dele, mas confesso que esperava mais. Mesmo assim, não chega a manchar a obra, pois a jornada em si até esse final é incrível.

Leitura altamente recomendada para quem gosta de terror e aventura. Um dos melhores livros do Stephen King que já li.

Uma Terra Prometida - Barack Obama

Nesse livro, escrito pelo próprio Barack Obama, ele narra seu primeiro mandato como presidente, fazendo antes uma breve exposição sobre suas origens e sua vida anterior à presidência, mas com a parte maior da obra começando junto com a campanha eleitoral para o cargo de presidente dos Estados Unidos.

Para mim foi uma leitura muitas vezes cansativa, seja pelo excesso de nomes, datas, lugares, seja pela escrita do Obama, que parece ter dificuldade em escrever em poucas palavras (ele mesmo cita isso no livro), seja pela tradução, que em alguns momentos parece ser um pouca confusa. No fim, foi uma leitura muito interessante.

Sou desconfiado de auto-biografias, e Obama visivelmente força a barra em diversos momentos para se vender como um grande idealista, mas foi muito interessante acompanhar os bastidores do presidente americano, como foi a sua primeira campanha presidencial, como era a relação com a família e funcionários, a dificuldade que muitas vezes a imprensa conservadora americana gerava, como era sua relação com outros líderes e a tensão com questões como o terrorismo.

Não acho que é uma leitura que vá agradar a todos, e não recomendo para quem não gosta muito de política, ou que tenha dificuldades em leituras muito detalhistas, com muitas informações. Mas, se você gosta de política, e não tem medo de livros grandes, vale muito a pena ler.

Trilogia da Fundação - Isaac Asimov

A Trilogia da Fundação é uma obra que sempre esteve na minha lista de leitura, mas nunca havia lido até 2021. Já li As Cavernas de Aço do Asimov e gostei muito mesmo, tendo inclusive entrado na minha lista de melhores livros que li em 2019, mas Fundação supera tudo. Para mim, junto com Duna, é a melhor ficção científica que já li.

Por coincidência, pois eu não sabia que isso ia rolar, esse ano também estreou uma série da Apple+ baseada na obra. A série é bem interessante, apesar de se afastar um pouco dos livros.

Fundação é um grande clássico da ficção científica e obra de leitura obrigatória para quem é fã desse gênero. A edição que li pode assustar pelo tamanho, pois contém os três livros em volume único, mas é uma leitura leve, fluída e as páginas passam rapidamente. Boa parte do livro, principalmente do primeiro, é composta basicamente de contos, acompanhando personagens em diferentes épocas. Isso acaba facilitando mais ainda a leitura.

Pretendo ler todo ano algo do Asimov e finalmente diminuir a dívida que tinha comigo mesmo, como um fã de ficção científica, de nunca ter lido quase nada dele.

Escola Brasileira de Futebol - Paulo Vinicius Coelho

Fiquei em dúvida em colocar esse livro aqui, afinal, é um livro para quem é fã de futebol, mas foi uma leitura que muito me surpreendeu e que muito me divertiu.

Gosto bastante do Paulo Vinicius Coelho (conhecido como PVC) e gostei bastante da forma que ele escreve e desenvolve a história da evolução, principalmente tática, do futebol brasileiro, como comenta de grandes times e grande inovações, e em como conta histórias curiosas de bastidores do futebol. É um livro simples, fácil de ler e bem divertido.

A Morte em Veneza/Tonio Kröger - Thomas Mann

Sempre quis ler Thomas Mann e finalmente consegui. Como as obras mais famosas dele são bem grandes, e pelo que pesquisei não tão simples de ler, decidi começar por algo menor, e assim peguei esse livro que traz duas novelas dele, A Morte em Veneza e Tonio Kröger.

Ambas tem como personagem um escritor. Na primeira, A Morte em Veneza, um escritor já mais velho, de férias em Veneza, se vê encantado por um jovem, enquanto alguma espécie de doença parece se espalhar pelas ruas da famosa cidade. A segunda novela, nos faz acompanhar momentos da vida de um jovem escritor, desde a sua infância em uma cidade pequena, até sair de lá, e acabar retornando já adulto. Gostei muito das duas, mas principalmente de Tonio Kröger, talvez por ter uma escrita, pelo menos na minha impressão, mais leve.

Thomas Mann escreve de forma rebuscada, bem descritiva, e isso acaba gerando certo cansaço ao ler. Quando acabei as duas leituras, me vi na dúvida do quanto gostei. Mas aí entra o que para mim é gerado apenas por grandes escritores: depois da leitura, me vi dias, talvez semanas, ainda relembrando as duas obras, refletindo sobre situações que ocorreram e coisas que posso ter deixado passar.

Se quer ler algo desse que é um dos maiores escritores alemãs, ganhador do Nobel de Literatura, vale a pena começar por esse livro.

A Ilha da Infância - Karl Ove Knausgård

Esse é o terceiro livro da série “Minha Luta” do escritor norueguês Karl Ove Knausgård. Os dois primeiros livros entraram facilmente nas listas passadas de melhores do ano de quando os li, mas com essa obra, cheguei a ficar um pouco na dúvida, pois não achei tão incrível quanto os outros. No fim, refletindo sobre o livro, comparando com outras leituras do ano, ele foi muito marcante.

Nesse volume nós acompanhamos a infância do autor, desde suas primeiras lembranças, até quando ele começa a entrar na adolescência. Diferente dos dois primeiros livros, onde o tempo vai e volta em diferentes momentos da vida de Knausgård, esse é praticamente cronológico.

Como sempre, a escrita de Knausgård é incrível, sendo bonita ao mesmo tempo que é fluída. Em 2022 pretendo ler o quarto volume da série, que se encerra no quinto.

Não Aguento Mais Não Aguentar Mais - Anne Helen Petersen

Esse livro foi a surpresa do ano para mim. Peguei para ler curioso, após uma indicação em um podcast, mas não esperava gostar tanto.

O livro teve origem em um artigo da autora no Buzzfeed sobre como a geração millenial se tornou a geração do burnout e expande o que foi abordado nesse artigo. Sendo eu mesmo um membro dessa geração, me identifiquei bastante com coisas faladas, sobre como pensamos em trabalho o tempo todo, em como as redes sociais e a internet acabaram com a separação clara entre trabalho e vida pessoal, e em como chegamos com frequência ao burnout.

Por outro lado, muitas coisas abordadas são tiradas totalmente de um contexto americano, o que acaba gerando relação com apenas uma camada muito pequena da população brasileira.

Mesmo assim, foi uma leitura muito interessante, que recomendo a todos, principalmente para quem é de famosa geração millenial.



Abaixo seguem os links para as listas dos anos anteriores:


Escrito por Lucas, programador, bacharel em filosofia, apaixonado por literatura, línguas e música.